Thursday, October 9, 2014

Delegado afirma que PMs presos na Ilha vendiam espólios de guerras de traficantes

RIO - O delegado Fábio Galvão, subsecretário de Inteligência da secretaria de Segurança, afirmou em entrevista à Rádio CBN que os PMs presos na operação realizada na manhã desta quinta-feira, na Ilha do Governador, são acusados de revender o espólio de guerra do tráfico. Segundo ele, os policias do 17º BPM (Ilha) pegavam o material e vendiam para a própria quadrilha que atua no Morro do Dendê.
Dezesseis pessoas foram presas na operação Ave de Rapina. Eles são acusados de sequestrar e exigir R$ 300 mil para libertar traficantes do Morro do Dendê. Entre os presos, está o tenente-coronel Dayzer Corpas Maciel, ex-comandante do 17° BPM, e o chefe da Segunda Seção (P-2) do batalhão, 1° tenente Vítor Mendes da Encarnação. Eles tiveram a prisão preventiva decretada pela Justiça e serão afastados de suas funções por ordem judicial.
De acordo com as investigações da Subsecretaria de Inteligência (SSINTE) da Secretaria de Segurança e do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público, a ação teve como objetivo cumprir 16 mandados de prisão. A polícia cumpriu ainda 32 mandados de busca e apreensão. Os agentes apreenderam um fuzil, três pistolas e 18 granadas.
O PMs denunciados eram ligados aos traficantes da região, entre eles Fernando Gomes de Freitas, conhecido como Fernandinho Guarabu, identificado como o chefe da organização criminosa. Segundo informações do Gaeco, em 16 de março deste ano, os policiais receberam a informação de que traficantes armados sairiam da Ilha pela Estrada do Galeão. Na altura da cabine da PM da Base Aérea do Galeão, o carro foi interceptado, e cinco traficantes foram abordados.
A ação dos policiais foi flagrada por uma câmera de segurança no local da ocorrência. Com os traficantes foram localizados quatro fuzis, 18 granadas, três pistolas, oito carregadores e munição. Também foram encontrados cordões de ouro e relógios.
SUBORNO DE R$ 300 MIL
Tenente da polícia foi preso durante a operação. Ele estava em casa, na Penha - Pedro Teixeira / Agência O Globo
De acordo com a denúncia encaminhada à Auditoria de Justiça Militar Estadual, ao chegar ao local da ocorrência, o tenente Vítor Mendes dividiu as tarefas entre os policiais e decidiu que seriam encaminhados à 37ª DP (Ilha do Governador) apenas três traficantes e um fuzil. Os demais presos foram levados para o bairro Itacolomi, também na Ilha do Governador, onde ocorreu a sequência da negociação. Eles tiveram o resgate negociado com uma advogada e foram libertados sete horas após a prisão, mediante o pagamento de R$ 300 mil. Os policiais ainda venderam a traficantes do Morro do Dendê os três fuzis apreendidos, pelo valor de R$ 140 mil. O restante da apreensão foi dividido entre os PMs.
Segundo o MP, o ex-comandante chegou a receber R$ 40 mil na negociação para soltar os criminosos. Outros oitos policiais, entre eles, o subtenente José Luiz Ferreira da Penha, ganharam R$ 1 mil, cada um.
A ação começou no fim da madrugada desta quinta-feira. Uma equipe da Polícia Civil esteve em um apartamento na Rua Engenheiro Francelino Mota 391, em Brás de Pina, onde um tenente foi preso. Participam da ação policiais da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco) e agentes da Controladoria Geral da União e da Subsecretaria estadual de Inteligência.
EXONERAÇÃO UM DIA ANTES DA AÇÃO
Um dia antes da operação, o tenente-coronel Dayzer Corpas Maciel foi exonerado do cargo. uma consequência da operação Amigos S/A, que prendeu diversos policiais envolvidos num esquema de propina que envolvia a cúpula da Polícia Militar. Dayzer Corpas Maciel deixou o cargo e Wagner Guerci Nunes assumiu o comando do 17ºBPM (Ilha).
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TRAFICANTE EVANGÉLICO
Fernadinho Guarabu controla a venda de drogas no Morro do Dendê, localizado no bairro do Cocotá, na Ilha. Em junho, o Disque-Denúncia aumentou para R$ 10 mil a recompensa sobre informações que levem a prisão do traficante. Há 14 mandados de prisão de prisão contra ele, por tráfico de drogas, homicídio, associação para o tráfico, formação de quadrilha e porte ilegal de arma de arma de uso restrito.
Depois que criminoso passou a frequentar a Assembleia de Deus Ministério Monte Sinai em 2006, é proibido andar de branco na na comunidade, os terreiros foram fechados e os pais de santo que vivem lá não praticam a religião. Os muros da favela exibem frases bíblicas e o próprio Guarabu exibe o nome Jesus Cristo tatuado no antebraço direito.

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